Onde quer que os nossos pés assentem neste momento somos encaminhados para um passado colectivo dos mortos que já só na memória tem existência. E é no entrelaçar destas memórias que criamos texturas mentais vindas de um som que está para além dele e de nós próprios. Onde estavamos nós antes e para onde vamos Quando A Alma Não É Pequena? Lá fora nas ruas tudo parece colidir e dentro a melancolia da leveza do sentir leva-nos a desaparecer, tornando-nos invisíveis na fusão. Sentimos a vida tão devagar que acabamos sentindo o nosso coração na iminência de parar. A nostalgia é a do fado parecendo ouvir Maria Teresa de Noronha sussurrando ao nosso ouvido se os meus olhos te incomodam quando estão na tua frente, eu prometo arrancá-los e amar-te cegamente. Das fendas do passado surge também o flamengo, o tango e o western de Ennio Morricone. Quando A Alma Não É Pequena é ouvida sem palavras sendo os seus instrumentos a sua única linguagem. A viagem para o passado é assim mesmo: os mortos estão fechados em si mesmos, a nossa aproximação a eles é feita em silêncio das palavras.
O essencial dos instrumentos cabe ao combo Tó Trips na guitarra e Pedro Gonçalves no contrabaixo, guitarra, melódica e Kazzoo, havendo ainda um elenco de convidados para este vol. 2 como; Paulo Furtado, João Cardoso, Nuno Rafael, Sérgio Nascimento e Peixe.(Dead and Company,2006)